Uma garotinha muito esperta, que adorava desenhar. Sua cor favorita era amarelo, mas não qualquer amarelo, tinha que ser reluzente, quase dourado, aquele que brilha com o sol.
Ela gostava também de andar de patins, bicicleta, brincar de boneca, comer bolo, bala, salgado e melado. Detestava acordar cedo, calça comprida, de ficar com medo e de apostar corrida.
Andava de cabelos soltos cheios de cachos douradinhos, da cor que tanto gostava, usando pouca roupa ou nada. Quando via uma piscina, bica, igarapé, bacia... entrava e só saia quando já não podia mais enrugar.
Os anos passaram, a garotinha cresceu, mudou a cor dos cabelos, furou a orelha, fez tatuagem, ganhou e perdeu peso, largou a mamadeira, deixou de andar de bicicleta, parou com as balas, começou a acordar cedo, a usar calça comprida, a ficar com medo.
Mas algumas coisas a garotinha se dava o direito de nunca deixar de fazer. Ainda comia bolo, salgado e melado, sua cor favorita continuava sendo amarelo/ouro, e nunca deixou de desenhar.
Ela continuou a desenhar, e cada risco lhe levou a conhecer várias pessoas e lugares, aprendeu novas técnicas e até entrou em uma escola onde ela só desenhava. E isso foi o suficiente para sua vida até agora.
Hoje a garotinha não desenha mais, não se sabe quando nem porque, ela simplesmente parou.
Alguns esperam sua volta, outros acreditam que é o fim. Mas no fundo, aqueles que realmente a conhecem sabe que até mais do que a sua cor favorita,
do que bolo, bala,
bicicleta e batata frita
ela adora desenhar